segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

P A L E S T R A
SOBRE 
 PREPARAÇÃO
PARA
A
      A P O S E N T A D O R I A

     Meus cumprimentos a todos.
Antes de começar a minha palestra quero saber de alguns detalhes de vocês:
Quem tem medo de envelhecer, levante a mão direita;
Quem tem medo de se aposentar, levante a mão. 
Bem, agora vamos trabalhar. Quero a atenção dos senhores e senhoras, para que o nosso debate final seja bem produtivo.

O fim da vida profissional de uma pessoa deve marcar o começo de uma época de descanso, ocupação, paz e muito amor, em um convívio harmonioso com a família e os amigos.

        Para que isso tudo aconteça se faz necessário que je feita uma adequada preparação psicológica para deixar a vida produtiva e entrar em tempos de liberdade, de boas oportunidades para recreação, de chance de exercer atividades agradáveis e úteis como forma de ocupação – o aposentado não deve se entregar à completa ociosidade.

        Nas últimas décadas deturpou-se de forma quase irremediável o sentido da vida humana.
        As máquinas passaram a ter um peso muito alto no contexto geral da vida. A sociedade está buscando  funções para esses seres mecânicos, enquanto o ser humano, nos dois extremos da vida – juventude e velhice – é relegado a um segundo pleno.
        Esta realidade não é muito digna para uma sociedade que já está no limiar do terceiro milênio.

        Aliás, em minhas pesquisas sobre as dificuldades enfrentadas pelos seres humanos depois que se aposentam, levaram-me ao núcleo que demonstrou ser o ideal para um aposentado viver bem: o núcleo familiar.

        Mesmo com as dificuldades que a família está enfrentando nos tempos de hoje, os aposentados que possuem uma família equilibrada conseguem sobreviver e viver muito bem, os que vivem em núcleo familiar desunido e fraco acabam sofrendo muito e reduzindo o seu tempo de vida.

        Como vemos, a família é fundamental para o aposentado!
        Um detalhe importante: os aposentados que possuem uma família composta de esposa, filhos, netos e parentes próximos mas não se prepararam para conviver 24 horas do dia com eles, particularmente com a esposa, fracassam, tendo vida muito curta.

        É preciso levar muito em conta que marido a esposa e família se conhecem muito pouco, apenas cerca de 30 por cento – e estou sendo generoso nesta porcentagem, na maioria dos casos é de 20 por cento – pois, apesar de viverem juntos a tanto tempo, estiveram afastados pelo trabalho entre dez e doze horas por dia.
        Quando chega a aposentadoria, os cônjuges e a família jogam 70 a 80 por cento dos defeitos e virtudes desconhecidos sobre o companheiro.
        Os defeitos, por serem ainda desconhecidos, chocam os casais e têm levado muitos casamentos que eram felizes enquanto o homem trabalhava, ao fracasso, por absoluta falta de preparação para a volta ao lar após a aposentadoria.
        Daí a importância de uma preparação geral de toda a família para que a vida familiar não seja perturbada.
        Aqueles que pensam que basta parar de trabalhar para ser feliz estão incorrendo num grave erro, cujas conseqüências poderão ser desastrosas.
A questão é bem mais séria do que parece.

Vamos traçar um paralelo entre uma ditadura e uma democracia?
A aposentadoria precisa ser como a transição da ditadura para a democracia, que para ser tranqüila e sem derramamento de sangue, faz-se necessária muita conversa, estudos, observações e transigências das partes envolvidas.
Se a transição for bem feita, a vida futura será de harmonia, paz,  muito amor e alegria.
Para que essa transição seja bem feita, faz-se necessária muita atenção e iniciativas tais como passeios,leitura, atividades físicas, festas, presentear a esposa com cartões, flores e outros mimos, e reunir a família sempre que houver uma data importante a ser comemorada.

Convido todos os presentes para, ouvir muitas afirmações curiosas a respeito da vida do aposentado que recolhi quando preparava o meu segundo livro sobre o tema aposentadoria:

Ouvi muitas coisas curiosas, como estas:

“... eu, parar de trabalhar?... me aposentar? Ainda não parei para pensar nesse assunto. Aposentar? Acho que não agüentaria ficar pelo resto de meus dias olhando a cara da minha mulher... Sinceramente, a aposentadoria está fora de minhas cogitações. Vou trabalhar pelo resto de minha vida!”.


Essa não é nada. E as outras manifestações que ouvi, durante minhas pesquisas? São terríveis.

Vamos lá:
“... não quero falar sobre aposentadoria! Vou completar 30 anos de serviço no ano que vem... mas, quem? Eu?... Sem essa de aposentadoria! Nem pensar! Ainda mais que vivem dizendo por aí que um aposentado carrega outro...”.

“... A sua pergunta é se me aposentaria ao atingir 35 anos de serviço?...”.
Para começar, resido em apartamento há muitos anos... Só me aposentaria se tivesse uma chácara para ir morar!”“.

“... Eu me aposentar? Na certa enlouqueceria. Imagino-me acordando pela manhã e constatando que não tenho nada para fazer!...”.
Pode anotar aí no teu caderno: se me aposentasse hoje eu morreria em um ou dois anos ““.

Todos aqui que estão no limiar da aposentadoria e devem estar preparados para grandes desafios. Não fiquem por ai pensando que a vida de aposentado é um marasmo só.
 Ouçam estas opiniões que eu recolhi:

        “... Me aposentei faz dois anos. Visitei os meus parentes que há muito tempo não via, refiz algumas amizades que estavam estremecidas pela falta de tempo, e agora dou apoio logístico para a minha família. Se aparece algum problema, lá vou eu participar da busca de soluções. Se o caso é uma festa, sou o primeiro a chegar e o último a sair!...”.
        “... sobre a minha vida de aposentado? Está uma delícia. O que está faltando é tempo suficiente para desfrutar ainda mais esta nova fase de minha vida! Hoje vivo mais ocupado que antes.”

        “... nos três primeiros anos de aposentado trabalhei em empresas de amigos meus. Agora, faz cinco anos que sou dono do meu nariz. Só faço o que tenho vontade de fazer. E, o que eu mais gosto é estar sempre livre para viajar, fazer pescarias, participar de todas as atividades que me aparecem pela frente. Eu e minha mulher estamos sempre com as malas prontas. Basta um alguém convidar e lá vamos nós!”.

        “... o que?... Se eu tive dificuldades para viver como aposentado? Ao mesmo o dinheiro é que é pouco, mas o resto é uma maravilha só. Sempre trabalhei para viver, nunca vivi para trabalhar!”.
       
        É muito importante que o aposentado, aquele que pretende viver bem a vida de aposentado observe aqueles que já se aposentaram e como eles vivem. Foi assim que cheguei às conclusões que me deram as alegrias de viver bem e feliz, mesmo aposentado!
        Minha sugestão é que todos procurem seguir algumas regras que são apresentadas em livros, publicações em geral e artigos sobre o assunto aposentadoria.
        Em relação à família, no cotidiano do lar, existem dois caminhos importantes: ou você fica a margem de tudo, olhando a mulher e os filhos agirem ou você entra pra valer ao lado deles, participando de tudo.

        Prefiro que todos adotem a segunda hipótese.
        Agora, para participar da vida da família, os aposentados devem ter em mente que precisam observar algumas regras básicas. Anotei algumas que passo para vocês:
a)    Não fazer da esposa ou esposo o subordinado que tinha quando trabalhava. A esposa segue uma rotina há mais de 20 anos e não vai tolerar facilmente receber ordens suas;
b)    Durante todos os anos em que você trabalhou, ela foi a chefe absoluta do lar. Você era apenas o tesoureiro, o conselheiro, o “dono” da casa.
     Não cometa o erro de afastá-la do comando geral da família, só porque você agora está presente;

c)    Lembre-se que você conhece a sua esposa cerca de 30 por cento. Chegou à hora de conhecer os 70 por cento desconhecidos. Trate de ressaltar  virtudes e notar e anotar os defeitos dela para aprender a respeitá-la integralmente, ou seja, nas virtudes e defeitos;

d)    Não cometa o grave erro de tentar faze-la mudar de vida. Deixe-a viver e, na medida do possível, procure entende-la. Ela também está estranhando a sua onipresença no lar.

e)    A rotina dos filhos é outro tema importante. Ela os dirigiu na sua ausência. Agora não a desmoralize, mudando tudo.

        f)       Outro detalhe importante a ser observado: Não cometa o erro de tentar ensinar a esposa como realizar as tarefas do lar. Ela é doutora nisso! Alguns que tentaram ensinar a esposa como segurar a vassoura para varrer a casa, ou mesmo começaram a determinar a hora em que ela deve ir para a cozinha para preparar as refeições, se deram mal.

g)    Você deve estar atento para as tarefas de um aposentado no lar. Seja um participante, um companheiro, um líder democrata, nunca um ditador.

    Um fator muito importante que você precisa levar em conta é a necessidade de analisar o seu comportamento em relação à vida; o seu humor sofrerá mudanças significativas. Se você não se controlar, vai ter sérios problemas no relacionamento familiar.
            Você, é que está entrando em um ambiente que pensava conhecer, mas que, realmente, você não conhece integralmente.
            A sugestão é que aprenda a “traduzir” o novo ambiente em que estará vivendo desde o afastamento do trabalho, aposentadoria até o final de seus dias.

   Deixo para vocês o meu testemunho pessoal:
   A aposentadoria, para mim, chegou em boa hora e agradeço a Deus todos os dias, ter aprendido a viver aposentado. Já escrevi algumas histórias, já publiquei cinco livros, plantei algumas árvores, criei quatro filhos maravilhosos, que já me premiaram com nove netos e estes já me deram 2 bisnetos!

                Aproveito para cumprimentar a todos, e de uma forma muito especial aos Senhores Diretores,                     que demonstram alto nível de humanidade ao proporcionar para os servidores que já estão chegando perto de conquistar o direito à aposentadoria, estes encontros de preparação para a aposentadoria, dando-lhes a chance de, mesmo depois de deixarem de trabalhar diariamente, terem a oportunidade de desfrutarem de uma vida de paz e felicidade com seus familiares e amigos.

                Finalizo deixando para meditação das senhoras e dos senhores, alguns pensamentos que reuni em um livro, com a denominação VIVA BEM SUA IDADE:

                       Muito obrigado.

  

Um comentário:

  1. Nao fazia ideia que esta era uma questao de grande importancia, que contribuia para o fim de muitos relacionamentos.

    Vamos tratar este tema em breve aqui no portal cuidador (http://portalcuidador.com.br).

    Obrigado por levantar esta questao.

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