AVISO: ESTÁ VALENDO A PENA ENVELHECER
Quando decidimos lutar pela valorização dos idosos, optamos pelos ainda residentes com suas famílias nas comunidades, evitando o uso de assistencialismos ou paternalismos. Fomos em busca de instrumentos que pudessem provocar no ser humano idoso à vontade de lutar, o desejo de viver melhor, provando para eles que tudo isso é possível, desde que haja vontade e decisão.
Em parte, alcançamos nosso objetivo quando criamos eventos coletivos como jogos, festas, reuniões para debates, obtendo a adesão de alguns milhares de pessoas idosas, no Distrito Federal, de 1986 até 1999.
Os idosos participavam, se divertiam, mas o objetivo maior foi chamar a atenção da sociedade para as questões do envelhecimento humano, provando que eles são capazes de se reintegrarem à vida, em todos os campos, respeitando apenas as restrições trazidas pela idade avançada.
Com o projeto Grupos Comunitários de 3ª Idade, levamos até eles somente mensagens positivas, declarando total confiança na capacidade deles. Proporcionamos reuniões semanais, com exercícios físicos e atividade cultural, nas comunidades onde vivem, deu para aqueles mais extrovertidos as chances de que eles precisavam para reassumir funções de liderança, apenas adormecidas no convívio familiar e na comunidade.
Com a filosofia de “com eles, por eles e para eles”, nos permitiu implantar um trabalho tendo como base a entrega para eles das responsabilidades quanto às atividades dos Grupos e Associações, bem como o comando das decisões, através de votações dos componentes da organização.
Jamais levamos projetos prontos. Sempre realizamos o que eles, idosos, pediam. Jamais demos ordens, pois sabemos para líderes não devemos dar ordens, apenas convencê-los através a usarem sua capacidade para voltarem ao exercício pleno da cidadania.
Aí está o segredo do sucesso de nosso trabalho no Distrito Federal, que começou em 15 de outubro de 1986 e encerrou-se dia 04 de janeiro de 1999. Paramos por decisão do novo governo que assumiu o poder. Saímos quando os frutos começavam a ficar sazonados, pelos ganhos relativos a um melhor atendimento nas instituições de saúde e bancárias e, o reconhecimento dos órgãos de imprensa em geral, que deixaram de somente mostrar o mundo cão representado pelos asilos e instituições tristemente apelidadas de “Depósitos de velhos”, passando a mostrar o lado positivo do envelhecimento humano.
Os termos: velho, velhinho, vovozinho e vovozinha, ficaram pejorativos, devido ao mau uso deles, sempre vinculados ao abandono, miséria, próximos da morte, etc. Hoje se usa: idosos, 3ª idade, mais vividos, maturidade, maior idade, melhor idade, etc. É tão marcante este fato que, nas reuniões de alguns grupos de idosos é proibido usar esses termos pejorativos, e quem chamar alguém de velho ou velha é obrigado a pagar uma prenda (dançar, cantar ou declamar).
Hoje, mais de 99% da população envelhecida ainda mora junto de suas família, sendo muito pequeno o número de pessoas idosas abandonadas em asilos ou em pobreza absoluta.
Por muito tempo a pessoa somente era reconhecida como “velha” quando entrava em um hospital ou em um asilo. Nesses tempos, as instituições criadas para amparar a velhice no Brasil, somente trabalharam nos efeitos, “dando o peixe”, ignorando o dever de “ensinar a pescar”. Esse o motivo que, tão tardiamente, começa-se a perceber a importância das pessoas envelhecidas.
A atual sociedade brasileira está começando a eliminar uma série de tabus e preconceitos que dificultavam a participação dos seres humanos envelhecidos de forma integral, nas atividades criadas para os seus membros.
É um grande privilegio para eu estar envelhecendo contemporaneamente com o aparecimento de movimentos em favor da valorização do ser humano envelhecido, com métodos modernos que aumentam a auto-estima deles, sem usar de assistencialismos ou paternalismos.
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