segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

                    RECADO ESPECIAL PARA CASAIS

 

            Entendo perfeitamente que, nesta época de festas natalinas e de passagem de ano, eu deveria abordar questões relacionadas a esses eventos. A final de contas, nós idosos, vivemos e vivenciamos as tradições brasileiras relativas ao natal e o “primeiro do ano” com nossas famílias e amigos!
         Mas, o que fazer? Estou envolvido até ao pescoço com as questões de envelhecimento humano. E, nem mesmo nesta época consigo ficar longe da busca permanente de respostas que possam ajudar aos mais longevos que almejam um envelhecimento tranqüilo, com paz e muito amor.
         Leiam este artigo e, se possível, integre-se na luta travada pelos cerca de trezentos Gerontólogos Sociais do Brasil, na luta para ajudar aos mais de dezesseis milhões de pessoas que já chegaram aos sessenta anos.
           Estaria correto marido e mulher se apelidarem de “pai” e “mãe”?
         Poder até que pode, não sei ainda se devem. Dentro de minhas atribuições como técnico em Gerontologia Social, venho acompanhando o envelhecimento de alguns casais que vivem juntos há mais de 40 anos.
         Aliás, é bom que todos saibam que a Gerontologia Social, é uma ciência ainda nova, vinculada à psicologia, e que não deve ser confundida com a Geriatria, que é uma ciência médica.
         A cada oportunidade de aprofundamento nas observações as surpresas aparecem. Algumas muito boas, como em relação aos casais que tiveram o cuidado de dividir tarefas no enfrentamento de problemas, na busca de soluções, no desfrutar de alegrias e até nos momentos de tristezas. A vida deles transcorre repleta de harmonia, de carinho e de convivência fraterna, mantendo um excelente relacionamento de marido e esposa.
Por outro lado, alguns casais, que adotaram a forma de vida conjugal independente, individualizando todas as questões da convivência, estão enfrentando agora sérias dificuldades de ajuda mútua.
         O que está me intrigando de fato foi a constatação, junto a dois casais, que foram muito carinhosos no relacionamento desde a juventude até a fase atual, em que o esposo, dez anos mais idoso, começa a ficar dependente, necessitando de ajuda a toda hora devido à senilidade. Ele está esquecendo de algumas recomendações que são transmitidas pela esposa. Ele se queixa de que está sendo humilhado por ela, que o repreende, muitas vezes exagerando em suas atitudes, ralha com ele, ameaçando-o com castigos tais como “ficar sem o alimento ou coloca-lo na cama para dormir mais cedo...” Entre outras reprimendas.
Elas, as esposas, estão se comportando como mãe deles, tratando-os como se eles fossem seus filhos e não o esposo que precisa de carinho, compreensão e muito amor.
         Nos casos onde é mais acentuado o problema, busquei ouvir filhos e parentes, aos quais perguntei detalhes sobre como se eles tratavam na intimidade.
A surpresa veio quando soube que, durante toda a vida, eles se trataram de “mãezinha” e “paizinho”, ou simplesmente de “pai” e “mãe”.
         Este é um tratamento carinhoso que deveria trazer bons resultados na convivência futura. Mas, não é o que estou constatado em minhas atuais pesquisas.
Pelo menos, nestes dois casos, as suspeitas são de que a esposa, que foi chamada de mãe pelo marido durante anos e anos, talvez se sinta no direito, acredito que inconscientemente, de ser uma mãe de verdade do homem que deveria ser apenas um esposo querido que está carecendo de muito apoio, carinho e amor.
Vou ampliar minhas observações sobre o tratamento utilizado por outros casais, a fim de buscar respostas para a enorme gama de perguntas para as quais ainda não tenho respostas convincentes.
            Mas, por via das dúvidas, é importantes recomendar que, os jovens casais, que acham muito bonito, carinhoso e até legítimo se chamarem de “pai” e “mãe”, meditem um pouco sobre as possíveis conseqüências que poderão advir desse tratamento tão carinhoso, hoje.

Um comentário:

  1. Tio adorei este tema que o Sr. abordou, realmente confirma que todos nós temos o nosso devido lugar em uma família. Existe filhos que querem ser pais dos pais, irmãos que querem ser pais de irmãos, avós que querem ser pais de netos, e por ai vai esta inversão de lugares nas constelações familiares, dá uma confusão danada, e gera bastante conflitos. Cada um no seu quadrado. Beijos

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