APOSENTAR E SER FELIZ
A palavra aposentado,
ou inativo como quem se aposenta é tratado pelo Instituto de Previdência
Social, precisa ser desmistificada. As pessoas que se aposentam, depois de
cumprir mais de trinta anos de atividades profissionais precisam aprender a
viverem aposentados.
Na condição de
Gerontólogo Social desde 1986, tenho vivido em função de divulgar as formas de
construir uma vida social digna e com o exercício pleno da cidadania.
Antes é bom
esclarecer o que é Gerontologia Social. Trata-se de uma especialidade
profissional que tem origem da psicologia. Diferente da Geriatria que é uma
especialidade da medicina.
O médico Geriatra
cuida da saúde física da pessoa idosa. Enquanto o Gerontólogo cuida da vida
social da pessoa envelhecida.
Depois de ter
trabalhado 64 anos, ininterruptamente, desde o dia 31 de janeiro de 2011 assumi
a vida de aposentado. Agora estou vivendo na prática aquilo que sempre procurei
mostrar aos trabalhadores como é ter uma vida ativa e útil, apesar de
aposentado.
Confesso que na
prática, a teoria ajuda um pouco, mas ainda não resolve todos os problemas que
temos de enfrentar quando voltamos para casa, passando então a viver às 24
horas do dia ao lado da esposa e família.
Uma das curiosidades
que me aconteceu há alguns meses, quando uma emissora de televisão veio me
entrevistar sobre questões da política do idoso.
O repórter, entre
outras coisas, perguntou se eu estava gostando de viver aposentado. Respondi
com toda a seriedade possível que estava a mando.
Ele gostou da minha
resposta. Foi quando completei a resposta dizendo que eu estava, na verdade a
mando. Porém não como ele interpretou. Eu estou a mando é da minha mulher.
Ela me manda no
mercado, manda buscar os netos na escola, manda na farmácia. Até o meu nome
mudou. Ela diz: Já que estás aposentado, vai lá... Ela fala ligeiro, de tal
forma que se ouve assim: Jaqui estás aposentado, agora é ajudar a família.
Uma importante mudança
aconteceu, depois de cinco anos com esse nome. Agora o meu trabalho foi
ampliado e até o meu nome mudou.
Não sou mais Jaqui.
Agora sou chamado de “Bombril...” O que, traduzido, significa: ...”de mil e uma
utilidade!...”
Estou feliz porque
estou mais ocupado, evitando assim a terrível OCIOSIDADE!
Como conviver com o idoso
ResponderExcluirIvone Boechat (autora)
1- Nunca pergunte a um idoso: qual é o segredo de viver tanto assim? Porque a pessoa não vai lhe convencer ou vai dizer que não sabe a resposta. Quem vai adivinhar como se vive anos e anos, com tanta virose, corrupção, mentira, tapeação, bala perdida, exploração... ruindade!
2- Nunca telefone ou visite um idoso entre 12:00h e 16:00h. TODO idoso gosta de descansar nesse período sagrado.
3- Jamais conte um problema ao idoso. Ele vai poder ajudar? Também não seja o problema do idoso: é covardia. Ele não vai ter como se defender.
4- Nunca interfira na decisão do idoso: se ele decidiu ser enterrado ou cremado. Não fique reclamando do preço da cremação, do túmulo..Nem fique agourando e perguntando o que a família deve escrever por cima do túmulo.
5- Nunca diga ao idoso: essa história você já me contou dez vezes. Diga a ele que a história é interessante e o ajude a resumi-la. Ele vai entender que a história é conhecida!
6- Não estimule o idoso a se lembrar de um fato que lhe cause sofrimento. Desvie sempre a tristeza para o lado bom de tudo.
7- Não explore a disponibilidade do idoso, lembre-se que ele já trabalhou muito e hoje não tem mais resistência, saúde e vigor para tomar conta de problemas e cachorros... dos outros. Deixe em paz o cartão bancário com o pagamento da minguadíssima aposentadoria. Vai à luta!
8- Mude o canal da TV quando o assunto é desgraça!
9- Ao visitar o idoso, leve algo que lhe faça bem à saúde: boa conversa, estímulos, boas notícias... palavras cruzadas, linha para crochê... uma fruta que ele possa consumir... um livro. Nas festas de aniversário e Natal, seja criativo! Chega de tanto pijama e chinelo.
10- Lembre-se: a pessoa idosa tem todo direito à felicidade e não vai ser você que vai atormentar os derradeiros dias da vida de ninguém. Exercite a gratidão, o perdão, a solidariedade e chega de despejar lixos de traumas, tristezas antigas e carências na caçamba emocional que a vida cismou de colocar na porta de quem lutou tanto para resistir às intempéries.