quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013


O HOMEM DOS PÉS TROCADOS

(João Batista de Medeiros)

(CONTO)       


O Robert sempre foi um cara irreverente. Já está beirando aos trinta anos, ainda é solteiro; teve vários “casos” com mulheres, mas nenhuma delas suportou o seu jeito de ser e o abandonaram.
Agora que vocês já conhecem a figura, devem estar curiosos para saber quais os defeitos do Robert.
Ele sempre foi um tremendo cara de pau. Nunca poupou ninguém de suas críticas grosseiras e ofensivas, verdadeiras chacota, sem levar em conta se os estava ofendendo ou não.
Ontem deparei com ele na rua lá de casa. O cumprimentei procurando demonstrar pressa, para evitar suas chacotas. Ele respondeu o cumprimento muito sério. Caminhou ao meu lado. Fiquei esperando qualquer gozação. Nada disso. Ele perguntou se eu estaria em casa no fim daquela tarde. Com ar de preocupação disse que precisava de minha ajuda, pois no dia anterior aconteceu um fato que mudou a sua forma de viver.
Surpreso com um Robert totalmente diferente, respondi que sim, e que estaria a sua disposição.
Eram quase dezenove horas quando ele tocou a campainha lá em casa. O recebi sorrindo, mas ele estava com ar de grande preocupação. Sentamos e ele abriu o jogo:
“Marcelo, você sabe que nunca faltei com o respeito contigo, mas reconheço agora que a minha vida tem sido feita de gozar dos defeitos e jeitos das pessoas! Sempre achei que o que valia era a gozação, a piada de mau gosto, e outras formas de me divertir com os defeitos das pessoas”.
Mas, ontem à noite, eram cerca de dez horas, quando percebi que os meus pés tinham sido trocados de lado. O pé direito ficou no lado esquerdo e o esquerdo no lado direito! Foi terrível, cara! Eu não podia caminhar, com os pés trocados! Levantei-me e tentei andar. Cai um tombo muito forte. Não consegui me levantar. Muito tonto, fiquei petrificado, duro mesmo! Uma voz me disse: Robert no dia em que você se corrigir deixar de causar constrangimento para as pessoas com suas zombarias e chacotas, e se arrepender sinceramente desses teus erros, decidiremos se poderás voltar a ter os pés destrocados!
Marcelo, meu amigo, abri o “buá”, chorei como criança, e prometi ajoelhado que nunca mais zombaria de nenhum ser na face da terra! Jurei que iria pedir desculpas para todos aqueles a quem ofendi.
Não ouvi mais aquela voz. Só lembro que acordei na manhã seguinte com os pés nos lugares deles. Será que foi Deus Nosso Senhor que veio me corrigir, ou foi um sonho?
Você me ajuda Marcelo, neste esforço de nunca mais magoar as pessoas?
Abracei ao Robert e prometi ajuda-lo, e ainda melhor, ser o seu melhor amigo.
Em sua opinião leitor amigo, foi sonho, ou foi Deus que puxou a orelha do Robert?

 

                            FIM

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